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Mãe Oxum

  • Frederico Retzke
  • 28 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

Filha de Oxalá, Oxum sempre foi uma moça muito curiosa, bisbilhoteira, interessada em aprender de tudo. Como sempre fora mimosa e manhosa, além de muito mimada, conseguia tudo do pai, o deus da brancura. Sempre que Oxalá queria saber de algo, consultava Ifá. O Senhor da adivinhação, para que ele visse o destino a ser seguido. Ifá, por sua vez, sempre dizia à Oxalá:

- Pergunte a Exu, pois ele tem o poder de ver os búzios!

E este acontecimento se repetia a cada vez que Oxalá precisava saber de algo. Isto intrigou Oxum, que pediu ao pai para aprender a ver o destino. E Oxalá disse à filha:

- Oxum, tal poder pertence a Ifá, que proporcionou a Exu o conhecimento de ler e interpretar os búzios. Isto não pode lhe dar!

Curiosa Oxum procurou, então, uma saída. Sabia que o segredo dos búzios estava com Exu e procurou-o para lhe ensinasse.

- Ensina-me, Exu! Eu também quero saber como se vê o destino.

Ao que Exu respondeu:

Não, não! O segredo é meu, e me foi dado por Ifá. Isso eu não ensino!

Exu estava intransigente. Oxum sabia disso e sabia que não conseguiria não conseguiria nada com ele. Partiu, então, para a floresta, onde viviam as feiticeiras Yámi Oxorongá. Cuidadosa, foi se aproximando pouco a pouco do âmago da floresta. Afinal, sua curiosidade e a decisão de desbancar Exu eram mais fortes que o medo que sentia.

Em dado momento deparou-se com as Yámi, empoleiradas nas árvores. Entre risos e gritos alucinantes, perguntaram À jovem Oxum:

- O que você quer aqui mocinha?

- Gostaria de aprender a magia! Disse Oxum, em tom amedrontado.

- E por que quer aprender a magia?

- Quero enganar Exu e descobrir o segredo dos búzios!

As Yámi, há muito querendo "pegar Exu pelo pé", resolveram investir na jovem Oxum, ensinando-lhe todo o tipo de magia, mas advertiram que, sempre que Oxum usasse o feitiço, teria que fazer-lhes uma oferenda. Oxum concordou e partiu.

Em seu reino, Oxalá já se preocupava com a demora da filha que, ao chegar, foi diretamente ao encontro de Exu. Ao encontrar-se com este, Oxum insistiu:

- Ensina-me a ver os búzios, Exu?

- Não e não! Foi sua resposta.

Oxum, então, com a mão cheia de um pó brilhante, mandou que Exu olhasse e adivinhasse o que tinha escondido entre os dedos. Exu chegou perto e fixou o olhar. Oxum, num movimento rápido, abriu a mão e soprou o pó no rosto de Exu, deixando-o temporariamente cego.

- Ai! Ai! Não enxergo nada, onde estão meus búzios? Gritava Exu.

Oxum, fingindo preocupação e interesse em ajudar, perguntou a Exu:

- Eu os procuro, quantos búzios, formam o jogo?

- Ai! Ai! São 16 búzios. Procure-os para mim, procure-os!

- Tem certeza de que são 16, Exu? E por que seriam 16?

- Ora, ora, porque 16 são os Odus e cada um deles fala 16 vezes, num total de 256.

- Ah! Sei. Olha, Exu, achei um, ele é grande!

- É Okanran! Ai! Ai! Não enxergo nada!

- Olha, achei outro, é menorzinho.

- É Eji-okô, me dê, me dê!

- Ih! Exu,. Achei um compridinho!

- E Etá-Ogundá, passa para cá...

E assim foi , até chegar ao ultimo Odu, Inteligente, oxum guardou o segredo do jogo e voltou ao seu reino. Atrás de si, deixou Exu com os olhos ardidos e desconfiados de que fora enganado.

- Hum! Acho que essa garota me passou para trás!

No reino de Oxalá, Oxum disse ao seu pai que procurara as Yámi, que com elas aprendera a arte da magia e que tomara de Exu o segredo do Jogo de Búzios. Ifá, o Senhor da adivinhação, admirado pela coragem e inteligência de Oxum, resolveu dar-lhe, então, o poder do jogo e advertiu que ela iria regê-lo juntamente com Exu.

Oxalá quis saber ao certo o porquê de tudo aquilo e pediu explicações à filha. Meiga, Oxum respondeu ao pai:

- Fiz tudo isso por amor ao Senhor, meu pai. Apenas por amor!

"Ora Yê Yê, amor.... Ora Yê Yê, Oxum...


 
 
 

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